Quero chuva!
Muita chuva para limpar o teu cheiro em mim.
Para lavar da almas as réstias do teu ser que gravaste a fogo.
Para afogar a sede do desejo que teimo em ter dos teus beijos.
Para ver luz a rasgar os céus em vez do brilho dos teus olhos…
Quero chuva!
Tenho de apagar as recordações que me queimam com um desejo que teima em não se consumir.
Deitado nos lençóis de linho onde foste minha, acendo o fogo das nossas paixões.
Ainda sinto a maciez das tuas mãos a percorrer todo o meu corpo.
Os teus olhos, a tua boca… A descobrir cada centímetro da minha pele.
Ainda te oiço a dizer que me queres sentir em ti como se fossemos um só.
Que me queres amar até me dares prazer, até me sentires a ter prazer e me deixares louco de desejo.
O desejo, a loucura, o prazer ainda vagueiam por estes lençóis, o suor ainda os tinge…
Mas vem tudo do mesmo ser…
Quero chuva, para que uma enxurrada leve este passado!
Cada gota de chuva vai ser um beijo teu que rejeito, desejando-o.
Cada gota vai procurar apagar esta paixão ardente, avivando-a.
Sacudo a água do meu corpo para te exorcizar de mim…
Mas quero-te!