Quarta-feira, 18 de Junho de 2008
Quero saber
Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição: não nos compreender
Pablo Neruda (Últimos Poemas)
Estou com está musica na cabeça: Antonio Variaçoes:
Sinto-me: Não digo
De Flor a 18 de Junho de 2008 às 18:20
Vou ferido talvez, mas não sangrando,
por um dos raios da tua vida
e a meio da floresta a água me detém:
a chuva que desaba com seu céu.
Toco então o coração caído com a chuva:
sei que os teu olhos penetraram ali
pela extensa região do meu pesar
e solitário surge um murmúrio de sombras:
Quem é? Quem é? Mas nome não teve
a folha ou a água escura que palpita
a meio da floresta, surda, no caminho,
e assim, meu amor, soube que fui ferido
e ninguém ali falava além da sombra,
da noite errante, do beijo da chuva.
Pablo Neruda (Cem Sonetos de Amor)
Beijo
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